Queda de visitantes, educação ambiental, reabilitação de animais: um raio-X do zoo de Limeira

Ofício enviado pela Prefeitura de Limeira em resposta à vereadora Tatiane Lopes (Podemos) revela um raio-X do Zoológico Municipal. Instalado no Horto Florestal desde novembro de 2014, o espaço registra queda no número de visitantes ao longo dos últimos anos, ao o que seu foco foi direcionado à educação ambiental em detrimento do lazer pela exibição das espécies. 6l6232

Atualmente, 256 animais vivem no zoo de Limeira. Todos pertencem à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, mas ficam sob cuidados da Prefeitura. As transferências de espécies entre zoológicos ocorrem de forma contínua, em busca do pareamento e a reprodução dos animais, sempre com orientação do governo estadual.

Neste ano, a Secretaria de Meio Ambiente espera transferir para Limeira espécies como o lobo-guará, bugio, mico-leão-de-cara-dourada, mão-pelada, papagaio-chauá e macaco prego. Em anos anteriores, houve registros em 2018 e 2019, quando o zoo local recebeu animais. Por outro lado, Limeira transferiu duas antas para soltura (Fazenda Santana do Monte Alegre) e uma foi deslocada para o zoo de São Carlos.

O zoo de Limeira recebe animais vítimas de tráfico, apreensão, maus-tratos e filhotes. Eles são recuperados clinicamente no local e reabilitados para soltura, que é feita em conjunto com o Pelotão Ambiental da Guarda Civil Municipal (GCM). Nos últimos 4 anos, foram 749 animais atendidos, com predominância de maritacas e gambás. No período, foram feitas 397 solturas de espécies. Os animais apreendidos ficam em um setor “extra”. Quando atinge a capacidade máxima, o zoo orienta a ida do animal para os centros de reabilitação.

Visitantes

Conforme dados da Secretaria de Meio Ambiente, o número de visitantes no zoo de Limeira vem caindo nos últimos anos. Em 2020, atingiu seu menor número, 11.253 pessoas, muito por conta do longo período de fechamento ao público durante a pandemia da Covid-19. Contudo, a queda era uma tendência.

Em 2017, primeiro ano da gestão do prefeito Mario Botion, o zoo registrou 81.074 visitantes. No ano seguinte, esse número caiu para 65.228 frequentadores. Em 2019, a queda foi menor, com público registrado de 63.280 visitantes.

No início do mandato, houve um deslocamento de prioridades. A metodologia de trabalho do zoo teve foco em educação ambiental por meio de visitas monitoradas, deixando de lado o aspecto de lazer da população por meio da exibição de animais.

A educação ambiental era um foco quando o prefeito Paulo Hadich inaugurou o local. O zoológico deixou a área de 22,1 m² no Centro, hoje transformado no Bosque Maria Thereza, onde estava desde 1968, e foi transferido para um espaço de 40 mil m² dentro do Horto Florestal. Com a mudança, veio uma nova concepção de abrigo dos animais, havendo a substituição de grades por vidros em alguns recintos. No início, a visitação era livre de quinta a domingo, sendo as terças e quartas reservadas aos grupos agendados e monitorados.

Hoje, com a prioridade total em educação ambiental, o espaço, que conta com 1 biólogo, 2 veterinários, 3 tratadores e 7 auxiliares, funciona das 7h30 às 16h30, mas as visitações foram restritas aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 16h.

CRAS

A Associação Limeirense de Proteção aos Animais (Alpa) defende a transformação do zoo de Limeira em um Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS). A entidade é contrária à exposição de animais para fins de entretenimento.

Em 2016, ainda na gestão de Paulo Hadich, o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos dos Animais de Limeira (Comdda) aprovou a criação de um novo modelo para o zoo, mas o assunto não foi abraçado pelo Executivo até hoje – o conselho é apenas deliberativo.

Em 2019, a entidade iniciou o recolhimento de um abaixo-assinado (leia aqui) que apoia o início à transição do atual modelo para o CRAS, cujo foco é, unicamente, a reabilitação dos animais atendidos, ficando o espaço fechado à visitação, considerada “estressante e causadora de prejuízos à saúde dos animais”.

Neste modelo, visitações guiadas podem ser liberadas com o único objetivo de educação ambiental, com quantidade limitada de pessoas e dias. A petição pública tinha, até este sábado (15/05), 1.905 s.

O Executivo vê dificuldades orçamentárias na transformação para o CRAS, devido ao custo. E avalia que, de certa forma, com a estrutura de atendimento a animais apreendidos e a redução das visitas do público, já funciona como uma espécie de “CRAS informal”. A Alpa, no entanto, segue reivindicando a mudança oficial de modelo.

Fotos: Prefeitura de Limeira

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